Hoje fiquei um bom tempo olhando pra vinha, aquele campo verde, aquela casa cheia de janelas. No entardecer triste, triste como todo entardecer.Enquanto nuvens rosas corriam no céu, me surpreendo com um pensamento, ele dizia baixinho quase ecoando : " eu não existo aqui, uma parte de mim não existe aqui " o vento em silêncio arrastava nuvens, pássaros sibilavam longe, aquele verde e cor triste da tarde, triste como todo entardecer.
Aqui ta cinza, não falo no sentido figurado, a cor é real. E como todo cinza é frio, aqui tá gelado. Enquanto leio sobre Arquitetura grega, aparece uma forte vontade aqui dentro...baseada numa saudade, ela surge depois de uma certeza de que nunca mais faria algo, ela vem sempre depois de um abandono, abandonei essa página de linhas soltas que dizem mais sobre mim do que meus olhos escuros e que se por acaso uni-las, ( elas as linhas ) formaria meu passado, reviveria a dor dos meus calos mais doloridos e sentiria aquelas minhas vontades mais profundas. Conclui que o abandono é uma chave invisível, que você só pode usar para voltar, seja pra qual for a direção - Abandono é voltar pra si - e si nem sempre quer dizer só.