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Doce

Estou rodiada de cores e nadando nas texturas eu sempre aproveito pra mergulhar .Não preciso de muita coisa , joguem aí de cima por favor uma chuva de giz de vários tons de preferência tons pastéis , me atirem giz pastel.
Olha que lindo, olha pra cima...uma chuva matizada , já pensou ?
Eu os aparo e levo até minha boca onde trituro nos incisivos .Eu amo essa textura , tem gosto essa cor , ó eles têm gosto ... ai tem um gosto ... gosto de amor.
Jogue agora uma chuva de cerveja , jogue pois as lágrimas não me servem mais , quero que borre , borre acidentalmente tudo o que fiz ,que borre tudo que tracei , as linhas e curvas , círculos e semi-círculos , ondas e desenhos orgânicos , borre para que os traços fiquem aquarelados , vai borrando aí tim-tim por tim-tim , enquanto eu acaricio o papel canson ... é tão lindo, quanto mais borra mais borra.

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dá pitaco

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De manhã eu senti o cheiro da escola Santa Cecília, onde minha mãe dava aulas quando eu e a minha irmã éramos crianças de 5 , 7 anos.Eu ainda não sei porque, mas era uma cheiro de cantina,sopa,bolacha, que ficava empregnado na madeira velha do assoalho, das paredes,das cadeiras de madeira das salas de aula.Os papéis de prova e livros da minha mãe cheiravam a giz e esse cheiro de escola Santa Cecília, que não sei se vinha da cantina, da sopa, do giz do quadro negro,da bolacha,das paredes de madeira úmida,só sei que tinha um cheiro que minha memória relembrou hoje, cheiro de infância, cheiro da coragem que minha mãe tinha em ir pr'alí, pra fazer o que hoje ela tem saudade, ensinar história.
Hoje fiquei um bom tempo olhando pra vinha, aquele campo verde, aquela casa cheia de janelas. No entardecer triste, triste como todo entardecer.Enquanto nuvens rosas corriam no céu, me surpreendo com um pensamento, ele dizia baixinho quase ecoando  : " eu não existo aqui, uma parte de mim não existe aqui " o vento em silêncio arrastava nuvens, pássaros sibilavam longe, aquele verde e cor triste da tarde, triste como todo entardecer.