Era uma casa,dessas que as madeiras remendadas deixam toda a estrutura de pé,uma arquitetura absolutamente vernacular, vernacular do alto grau.No quintal um cachorro solto e na coleira esfolada,se via a vontade dele de ser livre,(falo daquela liberdade que vai além da desobediência).Havia também lama, dessas formadas pelo pisar de galinhas e sabe lá mais o que diabos... é diabos! porque Deus nessas horas não se vê,acho que Deus não está no que é feio( ou sim, ou talvez).Havia eu,que tinha medo de cachorro,mesmo havendo em mim, além do medo, a consciência de que ele não apresentava perigo algum( lhe faltavam forças e quem sabe dentes) mas ele esbanjava coragem no seu latido rouco e tímido.Antes de entrar bati palmas,a dona me olhou de '' cabo à rabo'' até focar a trena que eu segurava nas mãos e me recebeu, como todo morador desse tipo de casa nos recebe:no portão seguido de um ''fica à vontade e não repara a bagunça''.Mas eu realmente não tive o que reparar, tava tudo ali exposto de forma crua.Adentrei à casa (que parecia um labirinto),mil móveis velhos, aparelhos em desuso eram quase arcaicos,toca-fitas,toca long plays, televisão quebrada no balcão da cozinha( como se fosse objeto de ''decoração'')...roupas das crianças por toda a parte do chão.Eu sentia um nojo cru, que só a realidade te faz sentir e o mais incrível também que é o:não sentir nojo(ao mesmo tempo) pois de certa forma quanto mais podre,pobre,poluída é a cena,mais vemos reflexos nossos.
-Oi?, viemos lhes desapropriar...(não foi bem assim, não é assim que prega a psicologia)
-Eu já esperava...(ela dizia com um ar de foda-se tudo isso aqui, eu já não quero)
Fazendo surpreender com o desprendimento,eu não sei realmente onde estava o valor que ela agregava àquilo tudo, porque puxa vida...eram seus pertences,seu lugar,parte de sua vida.
Ela era mãe de 5 filhos( iniciamente solteira),mulher bonita, tinha os olhos claros, cabelos lisos e castanho-claro que nem o coque amarrotado na cabeça negou tinha um nariz afilado e um olhar triste e vago.Enquanto ela respondia um questionário chato e sócio-econômico eu caminhava anotando cada perímetro,metro,notando cada ponto na compania de duas crianças,a Nazaré que mal fala e de seu irmão, enquanto eu caminhava pela casa cheia de cômodos e remendos,notei várias fotografias do seu provável marido... estavam em todos os lugares (...)
-Oi?, viemos lhes desapropriar...(não foi bem assim, não é assim que prega a psicologia)
-Eu já esperava...(ela dizia com um ar de foda-se tudo isso aqui, eu já não quero)
Fazendo surpreender com o desprendimento,eu não sei realmente onde estava o valor que ela agregava àquilo tudo, porque puxa vida...eram seus pertences,seu lugar,parte de sua vida.
Ela era mãe de 5 filhos( iniciamente solteira),mulher bonita, tinha os olhos claros, cabelos lisos e castanho-claro que nem o coque amarrotado na cabeça negou tinha um nariz afilado e um olhar triste e vago.Enquanto ela respondia um questionário chato e sócio-econômico eu caminhava anotando cada perímetro,metro,notando cada ponto na compania de duas crianças,a Nazaré que mal fala e de seu irmão, enquanto eu caminhava pela casa cheia de cômodos e remendos,notei várias fotografias do seu provável marido... estavam em todos os lugares (...)
Prestou! :)
ResponderExcluirgraças pq essa de layout tá me fazendo arrepender haha culpa tua!
ResponderExcluirO mal estar da modernização. Tenho pensado tanto nisso... Não só pq sou obrigada a ler mil livrinhos sobre o assunto para não reprovar em Ciência Política, mas também porque nossa realidade é tão crua e ao mesmo tempo tão não vista. E tão absurda. E tão sem solução. Fico pessimista.
ResponderExcluiragooooooooora, eu consigo comentar.
ResponderExcluirEu fico imaginando, como deve ser entrar nessas casas e ver tanta coisa, tanta coisa "crua"..
Mas também, não vamos jogar a deus tantas coisas, ele é apenas a imagem, que botamos a culpa de tantas coisas no mundo.
Por mais feia e podre, que seja a casinha, no fundo ela não queria sair dalí.