É a hora de seguir. Um suspiro tímido e a respiração molhada com as batidas aceleradas do peito. Eram quase quatro horas, é a hora de seguir. O silêncio era quase iminente, a luz enfim chegava,aquele laranja típico das manhãs,pra mim o laranja do horror, odiava quando amanhecia.E ele ia aumentando em cada abrir de olhos. O piano dava as notas finais, o contrabaixo mastigava cada puxada de ar. Se eu pudesse contar a mim mesmo, no caminho para casa, na volta do trabalho, o que me aconteceu naqueles dias, eu lembro que sempre chovia, como agora chove, assim como agora. Se eu pudesse só acreditar, no que foi. Sei que terei essa lembrança e que molharei o rosto no caminho de volta pra casa,voltando de qualquer lugar.Fingindo saudade.O passado confundindo-se sem se reprimir diante do antigo coração de um daqueles meses à noite, onde eu via tudo por trás de pingos de chuva,opaco como lente,claro como água que é.Tudo isso com gosto de eu sei quem você foi eu só não sei quem você é .